sábado, 20 de agosto de 2011

AS BIBLIOTECAS E O GOOGLE


Autor: Prof. Ed Cavalcante - Uma triste constatação facilmente verificada na maioria das escolas públicas, é o total desprezo que as instituições têm para com suas bibliotecas. Na verdade, de bibliotecas elas só têm o nome. A maioria funciona como depósito (desorganizado) de livros didáticos. Um ambiente, que num passado bem próximo, era um dos espaços mais disputados das escolas, caiu no ostracismo total.

Nas duas unidades de ensino em que trabalho, ambas públicas, as bibliotecas inexistem. Os motivos para esse total descaso são muitos: falta de interesse dos alunos, falta de títulos disponíveis e o principal: a desleal concorrência com o Google. Diriam os puritanos: “Mas por que um site de busca estaria aniquilando as bibliotecas?” Ora, na escola, a principal função das bibliotecas é – ou era – dar suporte as pesquisas. Hoje em dia, qual aluno pesquisa em livros? O imediatismo do Google e as facilidades do “Ctrl-C Ctrl-V” seduzem os aspirantes a pesquisadores.

A internet é um campo minado para o pesquisador despreparado. As armadilhas das wikimídias têm produzido uma espécie de “pseudopesquisador” que limita-se a ler o título e o primeiro parágrafo dos textos. Seduzidos por uma percepção primária que se prende, apenas, a beleza e detalhes das páginas, acabam por reproduzir  textos sem fundamentação científica. Pior: muitos, deliberadamente, ignoram a propriedade alheia e assinam textos de terceiros que são maquiados e apresentados com se originais fossem.

Não sou do tipo saudosista que ignora as benesses da internet, aliás, estou concluindo uma especialização na área de mídias que trata justamente desse assunto. O grande lance é a adequação do tradicional com o novo e lembrar que a biblioteca, além da pesquisa, tem a função do entretenimento, a leitura por prazer. O resgate desse hábito perdido tem que ter a participação ativa das instituições de ensino e dos professores. Recentemente fui surpreendido, numa capacitação, com um maravilhoso sarau em homenagem a Machado de Assis. A atividade, que envolvia professores do projeto Travessia, teve um resultado tão bom que voltei a ter esperanças de que nem tudo está perdido.
 
Publicado originalmente no blog do prof. Ed Cavalcante

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